Setor de transporte de cargas enfrenta os percalços que vieram com o Covid-19 e sai fortalecido. Quer saber mais?

 

Responsável por mais de 60% do transporte de cargas, de acordo com a Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), o modal rodoviário não saiu ileso dos impactos da crise causada pelo Covid-19, o coronavírus, mas provou sua capacidade ao enfrentar os riscos da pandemia e absorver a demanda com postura firme, afastando o temor geral do desabastecimento.

O impacto foi forte. As medidas de isolamento social fecharam escolas, a maior parte do comércio, e alteraram o funcionamento das indústrias. Os reflexos na economia foram imediatos, se espalharam pela cadeia produtiva e chegaram ao transporte rodoviário de cargas

De acordo com a publicação Transporte em Números, da Confederação Nacional de Transportes (CNT), no acumulado de janeiro a junho de 2020, o desempenho do fluxo de veículos nas rodovias pedagiadas do Brasil foi negativo, impactado pela crise do Covid-19 sobre a atividade econômica. 

O fluxo de veículos leves retraiu 23,1% no período, comparado com igual semestre do ano anterior; já o de veículos pesados contraiu 5,5%, na mesma base de comparação; resultando em uma queda do fluxo total de 18,8%. A abertura mensal do desempenho mostra que o vale da crise parece ter ocorrido em abril de 2020. 

 

Mudanças radicais

Com tudo fechado, os caminhoneiros não podiam mais contar com os locais de parada para refeições e manutenção dos veículos. Foi um período difícil para o transporte de cargas, pois os alimentos, respiradores e medicamentos precisavam chegar aos destinatários e o governo teve que intervir para normalizar a situação.

Com todo mundo em casa, em Home Office e EAD, o comportamento de consumo passou para o modo online. O comércio e a indústria logo encontraram outra porta para chegar ao consumidor e assim o e-commerce ampliou o espaço que já vinha conquistando, logo seguido pela logística.

A adaptação foi geral. A situação acabou trazendo uma grande oportunidade para o transporte de carga, e ela ficou ainda maior com a greve dos Correios em plena pandemia. 

Os setores supermercadista e farmacêutico mais que dobraram o faturamento e quem atua nesses segmentos não sentiu tanto o impacto da crise. O transporte de grãos também não foi afetado pela situação, em função da safra recorde brasileira, e o de varejo de construção manteve um bom desempenho.

De acordo com os relatórios do Transporte de Cargas elaborados pela plataforma de fretes Fretebras, o segundo trimestre de 2020 registrou uma queda de 8% na oferta de fretes, em especial no mês de abril. Porém, a retomada no setor foi muito expressiva, com 101% de aumento dessa oferta no terceiro trimestre do ano. 

Nesse período, a oferta de fretes no agronegócio registrou aumento de 83%, enquanto que na construção chegou a 105%. Para o segmento de industrializados, o que mais sofreu com a pandemia, a reação foi muito positiva batendo os 117% de elevação. Na comparação com os nove meses de 2019, a oferta de fretes na plataforma registrou um crescimento de 62% em 2020. 

 

Importação e exportação

Com as locomoções limitadas, o envio de produtos e insumos ficou prejudicado e o resultado foi a superlotação de portos, depósitos e armazéns. As viagens comerciais de aviões e navios caíram de forma significativa, afetando toda a importação e a exportação. O fechamento de fronteiras também interferiu nas relações comerciais do Brasil com vários países.

O relatório Fretebras mostra que, quando comparadas as ofertas de frete com destino aos grandes portos brasileiros, os destaques ficaram com: Rio Grande (RS), Rio de Janeiro (RJ), Paranaguá (PR), Santos (SP) e São Luís (MA). Juntas, essas regiões somaram um aumento de 71% na oferta de fretes no período de janeiro a setembro de 2020, comparado ao mesmo período do ano anterior. 

No que diz respeito à importação, o relatório Fretebras aponta que o terceiro trimestre registrou forte retomada e as cinco cidades portuárias que mais se destacaram em ofertas de fretes foram Paranaguá (PR), Rio de Janeiro (RJ), Santos (SP), Rio Grande (RS) e São Luís (MA), colaborando com o movimento do transporte de cargas. Em Rio Grande (RS), por exemplo, o aumento da oferta de fretes chegou a 294%.

 

Plataforma de fretes na pandemia

A plataforma de publicação de fretes online Fretebras teve um bom desempenho durante o período conturbado da pandemia, colaborando na busca das transportadoras por caminhoneiros autônomos em todas as regiões do país. A base da plataforma conta com 17 mil empresas que publicam em torno de 900 mil fretes mensalmente para os mais de 640 mil motoristas autônomos cadastrados. 

Nos primeiros quatro meses de 2020, o número de motoristas autônomos que vinham utilizando meios digitais para a busca de fretes aumentou 47%. Além disso, um estudo com a base da Fretebras mostrou um aumento da atividade de busca de cargas por caminhoneiros de quase 50% nesse período. Não à toa o aplicativo para caminhoneiros da ferramenta atingiu a marca de 1,4 milhão de instalações no primeiro semestre desse ano.

A pandemia do Covid-19 parece ter impulsionado ainda mais a transformação digital no transporte rodoviário, conforme constataram algumas pesquisas da Fretebras. A plataforma de fretes alcançou a marca de 4 milhões de fretes publicados nos primeiros nove meses de 2020, número 60% maior do que o registrado no mesmo período de 2019, totalizando a quantia aproximada de R$ 40 milhões em fretes distribuídos aos caminhoneiros. 

A conclusão a que se chega é a de que o setor de transporte cargas enfrentou bem a crise causada pelo coronavírus em 2020, trazendo bons resultados nesse período conturbado em todos os setores da economia.

O relatório Fretebras mostra a reação na oferta de fretes e os resultados expressivos alcançados, apesar do cenário econômico desfavorável.

Destacado como atividade essencial durante o período de isolamento e restrição de atividades, o transporte de cargas brasileiro sai fortalecido desse episódio inédito que abalou as estruturas de todas as nações. As projeções são positivas para o Brasil e apontam para uma retomada gradual na economia, com boas perspectivas para as exportações e a oferta de fretes.

 

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